Algumas notas sobre o azeite
A oliveira existe na área do Mediterrâneo desde o Paleolítico (cerca de 1,2 milhão de anos a 7000 a.C.), mas o uso do azeite não terá mais de 6 mil anos.
Os fenícios terão
introduzido a oliveira na Península Ibérica, embora haja quem defenda que os
povos que cá viviam já a cultivavam. Foram eles que difundiram o uso do azeite
como combustível para a iluminação das lamparinas, sendo o seu emprego na
culinária muito posterior, porque usavam óleos para cozinhar, como o de sésamo,
por exemplo. Os bizantinos já fritavam os seus bolos de trigo e condimentavam
as sopas com azeite.
É com os romanos que a oliveira tem uma grande expansão, pois eles fomentam e organizam as plantações de oliveiras e o comércio em todos os territórios sob o seu domínio, desde o Oriente Médio até à Hispânia, passando pelo norte de África, para além do facto de terem a tecnologia necessária para a extração do azeite.
Durante
o domínio árabe na Península Ibérica, entre os séculos VIII e XV, houve
um grande impulso na produção do azeite e foram eles que lhe deram o nome
(«al-zaytun»).
O foral de 1170, dado por D. Afonso Henriques aos mouros
forros de Lisboa, Almada, Palmela e Alcácer, é o documento escrito mais antigo
existente em Portugal referindo a cultura do azeite.
A partir do séc. XIII, o
azeite passa a ocupar um lugar de maior importância no comércio externo, apesar
de, até ao séc. XVI, a sua cultura intensiva não ultrapassar o distrito de
Aveiro, como já mencionei. Por essa razão, a cultura da oliveira e o azeite não
eram usuais no norte do país.
O primeiro Regimento do
ofício de lagareiro é de 1392 e refere-se à cidade de Évora; em 1515 veio o de
Coimbra e, em 1572, o de Lisboa. Entre os séculos XIV e XV, aparecem
testemunhos muito escassos sobre o uso culinário do azeite.
No séc. XVI, Évora e Coimbra
eram as principais regiões produtoras, embora os primeiros forais que se
referem especificamente a esta cultura falem apenas da Estremadura e do
Alentejo. Dois séculos mais tarde, o grande centro produtor passa a ser
Santarém, mas o azeite surge ainda como importante valor económico em regiões
como Espigueira, Pinhel, Castelo Branco, Tomar, Campo de Ourique e Crato.
Nos anos 20 do século XVIII,
dizia-se que o azeite feito em Portugal tinha um sabor forte e rançoso,
comparado com o produzido em Itália, mas os portugueses preferiam-no assim por
ter sabor. Esta fraca qualidade manteve-se durante esse século, até à altura em
que o escritor Alexandre Herculano apresentou um azeite com a qualidade dos azeites
estrangeiros que se vendiam por cá.
Mas o nosso paladar evoluiu
muito desde então, e os nossos azeites são premiados internacionalmente há anos!
[Este texto faz parte da comunicação apresentada no Summit Online Azeit'àTona 2021, organizado pelos Azeites do Cobral.]
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