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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

O meu nome é Gomes de Sá, “Bacalhau à Gomes de Sá”

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A receita "Bacalhau à Gomes de Sá" foi inventada, provavelmente, na década de 1910, por José Gomes de Sá, um comerciante do Porto que viveu entre 1851 e 1926. Nessa altura, era habitual os amigos reunirem-se em restaurantes fora do Porto e, um domingo, e um restaurante na Ponte da Pedra, uma localida de perto do Porto, Gomes de Sá disse que ia para a cozinha fazer um prato especial e, quando o apresentou aos amigos, eles deram-lhe o nome de «Bacalhau à Gomes de Sá». Mais tarde, de acordo com alguns autores, Gomes de Sá ofereceu essa receita ao seu amigo João, que era proprietário ou chefe de cozinha do restaurante Lisbonense, no Porto. Apesar de escrita, esta receita foi sendo publicada ao longo dos anos com algumas alterações, mas pode encontrar em baixo a receita dita original, publicada em A arte de bem comer (1949) por Alfredo Morais:      “Pega-se no bacalhau demolhado e deita-se numa caçarola. Depois cobre-se todo com água a ferver e depois de tapar a caçarola ab

Alho, bacalhau e vinho verde

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Conhece a expressão “este é fino como um alho”? Pois bem, o correto será dizer “este é fino como o Alho”, o Afonso Martins Alho e é sobre ele que vamos falar hoje. No século XIV, quando o país estava a recuperar da pandemia da Peste Negra, que tinha matado um terço da população mundial, Portugal precisava de aumentar as transações comerciais. O Rei D. Afonso IV procurou uma solução no Porto que, nessa altura, se destacava por ser uma cidade mercantil e um grande exportador, principalmente para Inglaterra, de azeite, cera, couro, fruta, madeira, mel e vinho. Afonso Martins Alho é escolhido para ir a Inglaterra, em 1352, negociar um acordo comercial com o rei Eduardo III, mas só consegue um salvo-conduto que iria garantir a aberturas dos portos britânicos a todos os mercadores e navios portugueses. O mercador português volta a Inglaterra em 1353, com os títulos de procurador das comunidades de mercadores das cidades portuárias do Porto e de Lisboa e de procurador plenipotenciário do Rei

Manteiga, banha ou azeite? As gorduras mais usadas na doçaria portuguesa

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Para responder à pergunta do título, utilizei a obra Portugal lambareiro , de Guilherme Felgueiras, que foi publicado em 2018 e tem perto de 600 receitas de doçaria conventual, caseira e especialidades regionais.  Após uma análise de todas essas receitas, cheguei a estes dados que mostram uma diferença muito grande na utilização da manteiga e do azeite no fabrico de doces a nível nacional. No que diz respeito à fritura dos doces, os números estão mais equilibrados: cerca de 11 receitas para a manteiga, outras tantas para o azeite e uma em que se usavam ambos. Mas porque os olivais se concentravam mais para o sul, e até ao séc. XVI ainda não tinham passado de Aveiro para cima, o norte do país utilizou a manteiga e a banha na doçaria durante mais tempo, porque o azeite não era muito acessível. São exemplos as receitas dos biscoitos de Lamego, o pão podre de Lousada, dos biscoitos ou roscas de Miranda, dos biscoitos da Teixeira, dos biscoitos de milho (Valongo), ou das bolachas de Vizela.

Algumas notas sobre o azeite

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A oliveira existe na área do Mediterrâneo desde o Paleolítico (cerca de 1,2 milhão de anos a 7000 a.C.), mas o uso do azeite não terá mais de 6 mil anos. Os fenícios terão introduzido a oliveira na Península Ibérica, embora haja quem defenda que os povos que cá viviam já a cultivavam. Foram eles que difundiram o uso do azeite como combustível para a iluminação das lamparinas, sendo o seu emprego na culinária muito posterior, porque usavam óleos para cozinhar, como o de sésamo, por exemplo. Os bizantinos já fritavam os seus bolos de trigo e condimentavam as sopas com azeite. É com os romanos que a oliveira tem uma grande expansão, pois eles fomentam e organizam as plantações de oliveiras e o comércio em todos os territórios sob o seu domínio, desde o Oriente Médio até à Hispânia, passando pelo norte de África, para além do facto de terem a tecnologia necessária para a extração do azeite. Durante o domínio árabe na Península Ibérica, entre os séculos VIII e XV, houve um grande impu

Receita de Ano Novo - as batatinhas estufadas da minha Avó Lila

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  Hoje acordei com vontade de comer umas batatinhas estufadas que a minha Avó Lila me fazia para jantar, ainda com os seus 95 anos! Tão simples e deliciosas, podem servir para esta altura de excessos (se for o caso, não colocar a chouriça). Batatinhas da Avó Lila Ingredientes: 5 batatas grandes 1 cenoura média 1 cebola média 1 chouriça de vinho azeite e sal q.b. Preparação: Descascar as batatas e parti-las em bocadinhos de 1 centímetro. Cortar a cenoura em lascas e a chouriça em pedacinhos. Picar a cebola para um tacho, juntar o azeite, as batatas, a cenoura e a chouriça. Cobrir com água, temperar com sal e deixar cozer em lume brando durante 10-12 minutos.