A cozinha grande da minha Avó Lila
Lembro-me bem deste fogão. A minha avó tinha outro, mais pequeno, que tinha um disco pequenino que ela usava para estufar carne – deixava ferver um pouco e depois colocava no mínimo durante horas para cozer lentamente (ela dizia “em pulinhos”, porque era assim que parecia ferver).
Esta fotografia foi tirada na cozinha de cima. O fogão branco ficava encostado à parede que ficava em frente à porta, antes de o mudar para colocar nesse lugar o armário azul claro que, mais tarde, eu trouxe para a minha casa, no Porto - falarei dele num dos próximos posts.
O fogão era a gás. Era lá que experimentávamos os pratos que escolhíamos dos livros de receitas ou dos recortes de revistas ou de jornal que ela guardava numa das gavetas do armário que mencionei.
Perto desse fogão, havia um saleiro em louça de Alcobaça, mas nunca o usámos - era só para enfeitar. O sal estava num saleiro na parede e ao lado havia uma vasilha onde se colocava a salsa colhida do vaso grande.
Estão a ver os tachos de alumínio? O que a minha Avó Lila me deu, que tinha 11 cm de diâmetro (ver primeiro post), era muito parecido com esses, dos castanhos.
Foi nesse fogão e noutro anterior, também a gás, que aprendi a fazer biscoitos e bolos. Posso dizer que essas férias eram muito proveitosas em termos de experiências culinárias!
Ao lado do fogão ficava a lareira que tinha uma grande chaminé (vê-se parte dela na fotografia). Era lá que a minha avó cozinhava muitas vezes, no inverno, colocando o tacho ou a panela por cima de um suporte que punha, por sua vez, por cima das brasas. Ainda me lembro de a ver aquecer água para lavar a louça numa das panelas de ferro de 3 pés que também trouxe comigo.
No inverno, ainda me lembro de ver a minha Avó Lila cozinhar (poucas vezes) nas panelas de três pés, que davam um sabor especial à comida, e adorava as horas que passávamos na cozinha durante as minhas férias de verão.
A mesa da cozinha era quadrada e tinha quatro bancos quadrados e, por baixo, umas traves de madeira onde púnhamos os pés. Dali tinha uma porta para a despensa que, por sua vez, dava para a parte de cima das cubas de vinho, onde se secavam as amêndoas antes de as descascar e partir; outra porta dava para a sala de jantar e outra para a varanda de pedra. Quem batesse ao portão, se subisse as escadas, era convidado a entrar para a cozinha. No inverno acendia-se a lareira para tirar as brasas para a braseira que se levava para o quarto. Sim porque, no inverno, aquela casa tinha o fator energético G – de gelo!
Um dia, uma parte do chão da cozinha de cima, que era feito de pedras de cantaria, cedeu e a minha avó aproveitou para mandar fazer outra cozinha por baixo. Ficámos com duas cozinhas: uma pequena com lareira e a outra, com um chão novo, também com lareira, que passámos a usar só quando fazíamos alguma refeição na sala de jantar, por ser mais prático.
E pronto, ficaram a conhecer mais um pouco da minha infância, da minha Avó Lila e da sua cozinha grande.
Comentários
Enviar um comentário